A instabilidade apresentada neste ano pela Bolsa de Valores tem afetado o comportamento do investidor de planos de previdência dos tipos VGBL e PGBL, que têm buscado menos renda variável e optado pela renda fixa, afirma o diretor de Planejamento e Controle da Brasilprev Seguros e Previdência, Alejandro Elizondo Rodríguez.
“Com o comportamento da bolsa, há uma preferência em não aplicar em renda variável”, diz. “Mas é preciso que o investidor entenda que essa volatilidade no curto prazo não afetará a rentabilidade dos planos no longo prazo”, afirma.
A inflação, a temporada de resultados mista e a instabilidade externa fizeram o índice Ibovespa fechar abril com baixa de 3,28% - a pior aplicação do mês. Para Rodríguez, no caso dos planos de previdência, se os investidores tentarem antecipar os movimentos do mercado, é provável que eles mais percam que ganhem. “É preciso definir uma meta de longo prazo”, aconselha o executivo.
As mudanças no comportamento do investidor, no caso dos 1,3 milhão de clientes da Brasilprev, ficaram claras em abril. A composição média dos planos é de 80% de renda fixa e 20% de renda variável. No mês de instabilidade da bolsa, a composição passou para 90% de renda fixa e 10% de renda variável.
E mesmo nesses 10% houve um certo conservadorismo, pois 83% das alocações nesse caso foram adesões aos fundos de Ciclo de Vida. O produto aloca, automaticamente, 49% dos recursos em renda variável e 51% em renda fixa, assim que o cliente adere a ele. À medida que o tempo passa e, de acordo com a data-alvo, a composição vai ficando mais conservadora, até atingir 100% em renda fixa.
Mudança de comportamento
A tendência do segmento daqui para frente, segundo Rodríguez, é ainda de crescimento, tendo em vista que a população está com mais renda e consciência de longo prazo. “Claro que não é um processo que se dá de um ano para o outro. Mas, se ele tem uma renda maior, ele tende a resolver as necessidades primárias, para depois pensar no futuro”, diz.
Nesse sentido, acredita o executivo, a poupança é a primeira etapa e a previdência e seguros vêm em seguida. Com o crescimento da classe média, o segmento de previdência vem apresentando crescimentos anuais de 20%. “É sinal de que o brasileiro está pensando mais no futuro, mas é um processo demorado”, acredita.
Hoje, o mercado de previdência aberta atinge 6% do PIB (Produto Interno Bruto). Somado ao mercado de previdência fechada, o percentual chega a 20%. Esses números mostram o potencial de crescimento que o País tem no segmento. “Em países, como Chile e Estados Unidos, o percentual chega aos 60%”.
A mudança de comportamento do brasileiro também mostra que ele está mais consciente com relação à insuficiência da Previdência Social. “A partir do momento em que as pessoas começam a enxergar isso, elas se voltam para o futuro”, afirma Rodríguez.
Líder do mercado
No primeiro trimestre deste ano, a arrecadação dos planos PGBL e VGBL da Brasilprev acumulou alta de 65,5% frente ao aumento de 19,2% do mercado. No período, a modalidade VGBL foi destaque, com aumento de 72,1% em reservas. A média de alta do mercado foi de 27,7% no período. Já a modalidade PGBL acumulou alta de 21,4% em reservas, ao passo que o setor registrou aumento de 16,3%.
Para o executivo, o aumento de planos VGBL é um reflexo do comportamento da população na preferência da forma de tributação. Entre os segmentos, os planos para menores foram os que apresentaram maior crescimento em arrecadação, de 48%, seguidos pelos planos individuais, cuja arrecadação cresceu 29,4%, e pelos planos empresariais, que acumularam alta de 10,8%.
Rodríguez enfatiza que, no caso de planos para menores, a Brasilprev sempre se destacou, por ter sido uma das primeiras a lançar produto para esse público. Além disso, mais que preocupados consigo mesmos, os pais começam a ver nos planos de previdência a garantia de futuro dos filhos.